No site do extra - Rio de Janeiro encontrei essa maravilhosa notícia. Abram seus olhos. Nossos deputados estão na mesma prática. Tem pessoas que chegam pra mim e me dizem que professores da rede estadual, como eu, não trabalham. Todos os dias vou ao serviço, se fazemos alguma greve é para melhorar a vida de nossos alunos e familiares. Mas e o deputado? o que diser. Isso me revolta.
Leia na integra a reportagem do EXTRA - RIO.
Deputados em campanha mentem para garantir salário de R$ 13 mil
Antero Gomes e Marcos Nunes - Extra
RIO - Na busca por votos, alguns dos 23 deputados estaduais do Rio que brigam, nas próximas eleições, por uma vaga de prefeito ou de vice-prefeito trocaram o plenário da Assembléia Legislativa, de onde recebem salários de R$ 13 mil, por carreatas, passeatas e eventos. Enquanto com uma mão cumprimentam os eleitores nas ruas, assinam com a outra ofícios, pedindo à Alerj que suas faltas no Legislativo sejam abonadas ( conhece algum caso de político gazeteiro? Denuncie! ).
Aos cidadãos que os elegeram e que pagam, indiretamente, os seus salários na Alerj, estes candidatos dão justificativas para as ausências que, no mínimo, não condizem exatamente com a verdade. Publicados no Diário Oficial do Legislativo, os argumentos vão desde a necessidade de participar de atividades externas em outros municípios a compromissos para resolver "os interesses da comunidade local".
O fato é que tais justificativas de deputados-candidatos como Rodrigo Neves (PT), Marcelo Simão (PHS) e Alessandro Calazans (PMN) - três exemplos claros da prática (ou da não prática) legislativa - vão por água abaixo, quando confrontadas com fotos e matérias jornalísticas em que aparecem com expressões de "vote em mim", nas ruas das cidades que pretendem governar.
Mesmo acostumados ao esconde-esconde das votações secretas da Alerj, tais políticos sequer omitiram as próprias agendas de prefeitáveis dos seus sites oficiais de candidatos na internet. Lá, eles aparecem em plena campanha.
O cidadão de Nilópolis que quis, por exemplo, falar com Alessandro Calazans em 6 de agosto não precisou ir à Alerj, aguardá-lo nos corredores da casa. Segundo o site de campanha "Alessandro Calazans, Novas Idéias, Nova Nilópolis", o deputado fez caminhada naquela tarde pela Rua João Máximo Soares, em Olinda. No Diário Oficial (DO) do Legislativo, de 29 de agosto, consta o pedido de abono. O argumento: ele estava em Nilópolis resolvendo questões de interesse da comunidade local.
- Desde que começaram os questionamentos em relação às faltas de deputados que estão em campanha política em seus municípios de origem, pedi o desabonamento (sic) das faltas e o devido desconto dos dias em que não estive presente nas sessões. Estou em campanha para a Prefeitura de Nilópolis, mas não pedi afastamento das minhas funções como deputado estadual - disse Calazans.
Assessoria é culpada, diz candidato
O candidato a prefeito de São João de Meriti Marcelo Simão pediu abono para faltas nos dias 7, 20, 26 e 27 de agosto. Em todas as datas, alegou, no Diário Oficial, que estava em compromissos no interior do estado.
No site do candidato ( clique aqui para acessar ), a versão é outra. Simão estava em caminhadas: no dia 7, no bairro Vila Jurandir; no dia 20, em Vila Rosali; no dia 26, em Vila Norma; e, no dia 27, em Vilar dos Teles.
Procurado pelo EXTRA, Simão informou que os pedidos de abono foram uma falha da sua assessoria. Alegou ter autorizado apenas a justificativa às faltas. Ele informou ainda ter pedido licença não remunerada entre 1 e 5 de setembro e entre 25 do mesmo mês e 5 de outubro.
Em Niterói, Rodrigo Neves (PT) também mantém uma agenda intensa de candidato, como mostra seu site ( clique aqui para acessar ). Embora tenha pedido abono em nove sessões nos últimos dois meses, justificando que encontrava-se em atividades externas, Neves estava, na maior parte destes dias, apertando a mão de eleitores ou recebendo apoios.
- Até então, tenho conciliado a agenda parlamentar com a eleitoral, indo à maioria das sessões na Alerj - disse.
Matemática diferente
Apesar de ter apresentado quatro pedidos de abono para faltas nos dias 6, 7, 13 e 20 de agosto, Alessandro Calazans teve anotada pela Alerj, no mesmo mês, apenas duas faltas.
Ele não foi o único a ter um número menor de faltas anotado. De acordo com o Diário Oficial, o deputado Alcides Rolim (PT), por exemplo, pediu abono para sete faltas, em agosto, e teve apena três anotadas pela Casa Legislativa.
O presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani, explicou a discrepância entre as faltas admitidas e as anotadas na lista de presença. Segundo Picciani, os pedidos de abono de um mesmo parlamentar são julgados separadamente.
Enquanto isso não acontece, aparecem na lista apenas as faltas, já julgadas como injustificáveis. Outras faltas que forem julgadas injustificáveis serão descontadas na folha de setembro, com previsão de pagamento em outubro.
Falta é o que não falta na Assembléia
Com deputados estaduais em campanha, a Assembléia Legislativa ficou, nos últimos dois meses, praticamente às moscas. Entre agosto e o dia 24 de setembro, das 23 sessões previstas, só cinco foram realizadas. O restante das sessões foi suspenso por falta de quórum.
O festival de faltas começou no dia 7 de agosto. Às 16h, 40 deputados registraram presença, no início da sessão. Misteriosamente, pouco depois, boa parte dos parlamentares sumiu do plenário.
A debandada dos deputados deixou a deputada Cidinha Campos (PDT) enfurecida. Ela pediu verificação de quórum e constatou que só 17 parlamentares estavam na Casa.
Resultado: por falta do quórum mínimo de 36 parlamentares, o projeto que proíbe a classificação de menores infratores em abrigos, por números e facção, não foi votado naquele dia na Alerj.
Integrante da turma dos parlamentares mais assíduos na Casa, Wagner Montes (PDT) foi um dos deputados que também criticou os colegas gazeteiros.
- Eles deveriam pedir licença sem vencimento para se dedicar à campanha eleitoral. Apóio cinco candidatos a vereador e nunca faltei às sessões aqui na Assembléia - garantiu o parlamentar.
No plenário, protestos dos colegas
A falta de quórum na Alerj, na sessão do dia 23, deixou alguns parlamentares revoltados. Irritado com os seguidos cancelamentos de sessões, Marcelo Freixo (PSOL) disse que os deputados não faltosos fazem papel de idiota.
- Honestamente, senhor presidente (coronel Jairo presidia à sessão), fico pensando no papel de idiota que aqueles que aqui estão sistematicamente fazem. Como é que pode um deputado não aparecer aqui há um mês? - questionou.
Inconformado com as seguidas faltas dos gazeteiros, Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB) também protestou, perguntando ao presidente da sessão como os deputados que não queriam faltar poderiam fazer para trabalhar. A resposta foi imediata.
- Sua dúvida talvez seja a mesma minha. Para trabalhar tem que vir para a Alerj, mas cada um é responsável por si - disse o coronel Jairo.
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